segunda-feira, 29 de setembro de 2014

Entrevista


Despretensiosamente, Hugo Golon (Blasthrash, Comando Nuclear, Infected, Side Effectz, ex-Em Ruínas, entre outros) resolveu gravar um trabalho e chamar seu projeto de Cemitério. Um álbum auto-intitulado foi o fruto disso e é uma verdadeira ode às raízes do Metal extremo. Conversamos com Hugo, que de forma simpática e sincera, falou sobre sua nova empreitada.

Primeiramente conte-nos como surgiu a ideia de criar o Cemitério?
Hugo Golon - Eu sempre quis gravar e produzir algo sozinho e, com a facilidade que se tem hoje em dia, de investir pouca grana e comprar bons equipamentos, gravar em casa da maneira que lhe agrada, sem ilusão, sem pressão e sem gastar tubos de dinheiro, me vi na obrigação de correr atrás, sempre com a ajuda do meu parceiro Ronaldo Bodão.

E como foi o processo de composição do primeiro álbum?
Hugo - O processo foi o mais espontâneo e instantâneo possível. Foram duas semanas nas quais eu fazia até três músicas por dia e, quando criava o riff, já o gravava e é o que está no disco. Quando estava na segunda ou terceira música, nem lembrava mais da primeira, no dia seguinte chegava a serem quase inéditas pra mim. Gravei a bateria por último, tocando de duas em duas peças no controlador de midi (teclado), sem sequenciar e editar, com erro mesmo!

A sonoridade voltada ao Metal Extremo ‘old school’ sempre foi o seu objetivo?
Hugo - Sem dúvidas! Minha inspiração principal foi a sonoridade dos primeiros discos do Death, Possessed e do Pestilence.

Você integrou e integra diversas bandas de estilos distintos. De alguma forma isso influenciou o som do Cemitério ou você procurou fugir disso?
Hugo - Algo do Side Effectz pode me influenciar, mas bem pouco, pois o Side Effectz tinha riffs de Thrash em meio à porradaria Death/Grind. Já no Cemitério, os riffs são macabros e os vocais mais cavernosos. Eu estou com uma banda nova também com elementos de Death Metal ‘old school’, o Virgin's Vomit. Porém, nosso som vai do Motorhead, passa pelo “Show No Mercy” do Slayer vai até o “Scream Bloody Gore” do Death, pitadas de “Altars Of Madness” do Morbid Angel, com vocais na linha do Kam Lee (Mantas, Massacre). Chamamos de Speed/Death Metal e a banda conta comigo na batera e vocal, Whipstriker no Baixo e Poisonhell na guitarra, ambos do Farscape e meus irmãos de estrada. 

Além da veia ‘old school’, “Cemitério” mostra uma sonoridade que nos remete a nomes nacionais como Dorsal Atlântica e Vulcano. Essas bandas fazem parte da sua influência?
Hugo - Certamente! Os primeiros do Dorsal são foda e o Vulcano nem se fala! No caso do Dorsal, houve mais um acaso na parte vocal, pois é em português. Se eu cantasse em inglês, ninguém citaria a influência. Vários riffs foram inspirados pelos primeiros do Sepultura, Mutilator, Chakal, Vulcano, Dorsal... Inclusive se eu fosse citar influências em vocal nacional, seriam o Uruka do Vulcano e o Korg do Chakal, que pra mim são dos melhores do mundo! Para escrever as letras, eu pensava nas métricas do Slayer, Possessed e do Pestilence.

A temática do disco aborda temas de filmes de horror. Por que decidiu abordar estes temas?
Hugo - Ouço Metal e vejo filmes de terror desde muito criança. Fazer letra sempre foi a parte mais chata pra mim, então quando fui fazer a primeira letra, pensei em ‘A Volta dos Mortos Vivos’ (N.E.: filme de 1985 com direção de Dan O'Bannon), que encaixava perfeitamente com o riff. Então, não pestanejei em seguir adiante com a temática.



Qual critério você usou na escolha dos filmes? Algum filme que você queria colocar no álbum chegou a ficar de fora?
Hugo - Primeiramente, procurei escolher filmes que gosto e, junto com o Bodão selecionei títulos que não repetissem palavras, o que é muito comum em filmes de terror (sinistro, macabro...). Ficaram vários filmes de fora e, tenho uma lista pra mais dois discos e um EP, só esperando pelas músicas e letras, que já estão começando a serem gravadas.

O trabalho todo, inclusive a produção foi feito por você. Por que decidiu trabalhar dessa forma, ou seja, completamente sozinho?
Hugo - Eu sempre quis aprender a gravar e produzir. Hoje em dia a informação está muito fácil, então fui atrás de vídeos no YouTube que dão dicas, baixei os programas necessários e não perdi tempo. Ou eu gravava sozinho ou esse play não seria gravado, pois não tinha ninguém com tempo livre na ocasião. Foi tudo feito no meu quarto, só saí dele pra gravar os vocais, no quarto que minha mãe passa roupas!

Somente na arte gráfica você contou com a ajuda de Wanderley Perna (Genocído). Como chegou até ele e como foi trabalhar com Perna?
Hugo - Eu sou fã do Genocídio desde o início dos anos 90, inclusive vi um show deles com o Dorsal no Aeroanta! Eu conheço ele faz bastante tempo, inclusive fez a capa do CD “Traitors Execution” (2002) do Side Effectz. Foi muito tranquilo pois o cara manja muito e é brother, consertou minhas cagadas e adicionou coisas sensacionais!

Como tem sido a repercussão de “Cemitério” até então? E como está o trabalho com a Kill Again Records, que lançou o disco?
Hugo - Para um projeto despretensioso, que talvez não saísse do meu computador e, só saiu por insistência de amigos, principalmente o Bodão, sem link patrocinado, assessoria e jabá zero, está muito boa e verdadeira a repercussão! O trabalho realizado pelo Rolldão da Kill Again é referência, isso é sabido por todos que vivenciam de fato a cena underground. Fiquei muito surpreso quando ele entrou em contato comigo. Logo mais sairá em vinil, não vejo a hora!

Você pretende montar uma banda para te acompanhar em apresentações?
Hugo - Eu teria que dispor de muito tempo e dinheiro, pra passar todas as músicas para uma banda inteira. Se um dia eu tiver tais condições, certamente o farei e até tenho quem me acompanhe e, poderia ter diferentes formações, de acordo com a disponibilidade do pessoal, porém falta grana e tempo mesmo.

Muito obrigado pela entrevista, pode deixar uma mensagem.
Hugo - Muito obrigado você Vitor, pelo interesse no meu projeto e parabéns pelo trabalho! Queria agradecer ao Ronaldo Bodão, Antonio Rolldão & Kill Again, Wanderley Perna e Daniel Golon e todos que compraram o CD, valeu mesmo!


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